O governo Lula derrete, o centrão ganha terreno, extrema direita mantém feudo eleitoral e a direita democrática bate cabeça

O terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está longe de ser uma reedição dos tempos áureos de seus dois primeiros mandatos. A popularidade do presidente, que já foi incontestável, especialmente no Nordeste, região que sempre lhe garantiu vitórias sólidas, mostra sinais de desgaste. Pesquisas recentes indicam que Lula perde terreno até mesmo nesse tradicional reduto eleitoral, onde a máquina pública e os programas sociais costumavam garantir apoio quase incondicional. O que explica essa queda? A resposta é multifacetada: a crise econômica persistente, a falta de uma agenda clara de reformas e a percepção de que o governo está mais preocupado em negociar com o centrão do que em entregar resultados concretos para a população.

Enquanto o governo Lula patina, o centrão avança. A fragilidade do Palácio do Planalto abriu espaço para que essa força política, conhecida por sua capacidade de adaptação e apetite por cargos e recursos, tentasse abocanhar ainda mais espaços no Estado. Ministérios, autarquias e outros postos de influência estão sendo ocupados por nomes alinhados a essa agenda fisiológica. Não é a primeira vez que isso acontece. Durante o governo Bolsonaro, vimos um movimento semelhante. Inicialmente, o então presidente adotou um discurso de confronto com o Congresso, mas, diante da necessidade de governabilidade, acabou entregando a Casa Civil ao senador Ciro Nogueira, um dos maiores expoentes do centrão. A lição é clara: no Brasil, o pragmatismo político muitas vezes fala mais alto do que os discursos de campanha.

Enquanto o centrão se fortalece, a extrema direita mantém seu feudo eleitoral. A profusão de influenciadores radicais, muitos deles alinhados a pautas religiosas e ao embate com o Supremo Tribunal Federal (STF), cristalizou a posição desse campo político. A extrema direita soube capitalizar o sentimento de descontentamento de parte da população, transformando-o em uma narrativa simples e emocionalmente poderosa. Para muitos eleitores, a política se resume a uma luta entre “o bem e o mal”, e a extrema direita se apresenta como a defensora dos “valores tradicionais” e da “ordem”. Esse discurso, aliado a uma forte presença nas redes sociais, garantiu a esse grupo uma base eleitoral sólida e apaixonada.

Enquanto isso, a direita democrática parece bater cabeça. Sem um nome forte que una as diferentes correntes e sem uma narrativa clara, esse campo político enfrenta dificuldades para se consolidar como uma alternativa viável em 2026. Entre os possíveis candidatos, destacam-se os governadores Romeu Zema (Minas Gerais), Caiado (Goiás), Ratinho Júnior (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Cada um deles tem seus méritos: Zema, com sua gestão liberal e foco na desburocratização, conquistou apoio tanto no setor empresarial quanto entre eleitores cansados da velha política; Caiado é conhecido por sua gestão pragmática em Goiás; Ratinho Júnior conseguiu construir uma imagem de administrador eficiente no Paraná; Tarcísio, com seu perfil técnico e militar, agrada tanto à direita tradicional quanto aos bolsonaristas; e Eduardo Leite, com seu discurso moderno e liberal, tenta atrair eleitores mais urbanos e escolarizados. No entanto, nenhum deles parece, até agora, capaz de unificar o espectro da direita democrática e apresentar uma proposta convincente para o país.

A polarização, que tanto anima as redes sociais e movimenta as emoções dos eleitores, é péssima para o desenvolvimento do Brasil. No curto prazo, ela paralisa a capacidade de o governo tomar decisões necessárias, mas impopulares. No médio prazo, ela impede a construção de consensos mínimos para avançar com reformas estruturais. E, no longo prazo, ela corrói a confiança nas instituições e no próprio sistema democrático. Enquanto o país continuar dividido entre “nós” e “eles”, será difícil construir um projeto nacional que vá além das disputas partidárias e dos interesses imediatos.

O governo Lula, o centrão, a extrema direita e a direita democrática têm, cada um à sua maneira, contribuído para essa situação. O desafio, agora, é encontrar um caminho que permita ao Brasil superar a polarização e focar no que realmente importa: o desenvolvimento econômico, a redução das desigualdades e a construção de um futuro mais próspero para todos. Mas, para isso, será preciso mais do que discursos inflamados e jogos de poder. Será preciso liderança, visão e, acima de tudo, vontade de colocar o país à frente das ambições pessoais e partidárias.

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